Graças às redes sociais, condutas preconceituosas de
funcionários, mesmo fora do horário de trabalho, agora podem render
demissão imediata. Foi o caso do ex-supervisor Felipe Wilson, desligado da
empresa aérea Latam nesta quarta (20) depois de aparecer em um vídeo com um
grupo de torcedores brasileiros na Rússia insultando uma mulher russa.
Segundo Tânia Casado, especialista em Recursos Humanos e
professora da FIA (Fundação Instituto de Administração), a questão vai além de
tomar um ou outro cuidado nas redes sociais, que hoje exercem forte pressão
sobre as organizações. É preciso entender que os valores considerados
aceitáveis pela sociedade mudaram, puxados pela revisão do papel da mulher e de
outros grupos.
"Hoje, se a empresa não demite uma pessoa que se conduz
de forma grosseira e inadequada como esses torcedores, ela é vista como
conivente pelo consumidor e assina publicamente um contrato de impunidade com
esse profissional", afirma Tânia.
Quem deixou rastros de comentários ou postagens
preconceituosas nas redes sociais, mesmo sem a repercussão desse caso, também
deve se preocupar, afirma Maria Sartori, gerente de recrutamento da consultoria
de RH Robert Half.
Nas fases finais do processo seletivo, quando a empresa está
entre dois ou três candidatos, o RH faz uma busca em todas as redes sociais do
candidato para checar informações e ver se ele tem uma conduta apropriada ali.
"Já toquei processos seletivos nos quais executivos com
salários altíssimos perderem a vaga porque a organização encontrou postagens
inadequadas nas suas redes", afirma Maria.
Segundo ela, hoje são muito poucas as empresas que não fazem
essa investigação.
No caso do supervisor da Latam, não cabe uma decisão
por justa causa, porque ele não estava a serviço da empresa quando o vídeo
foi feito, aponta Carla Fraga, sócia do escritório Silveiro Advogados.
"Mas a companhia tem o direito de encerrar o
contrato do funcionário sem justificativa, desde que pague as verbas
rescisórias direito", diz.
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