A OAB se manifestou nesta quarta-feira (24) contra proposta de adiar por
até cinco anos o início da vigência do Novo Código de Processo Civil, prevista
para março de 2016. "A sociedade não tolera mais um Judiciário moroso,
onde os litígios são eternos", afirmou o presidente nacional da Ordem, Marcus
Vinicius Furtado Coêlho. Leia abaixo reportagem do jornal "Folha de
S.Paulo" sobre o tema.
OAB critica proposta de adiar novo Código de Processo Civil
A proposta do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes
de adiar por até cinco anos o início da vigência do novo CPC (Código do
Processo Civil) gerou polêmica.
O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Marcus Vinicius
Furtado Coêlho, reagiu: ''A sociedade não tolera mais um Judiciário moroso,
onde os litígios são eternos. Adiar a vigência do novo CPC vai na contramão
deste desejo'', afirmou.
Mendes rebateu. Disse que alterar prazos processuais de cinco dias
corridos para cinco dias úteis, demanda dos advogados incluída no CPC,
prejudicam a celeridade dos processos. "Quem tem pressa não adota esse
tipo de critério [...]. Se querem atender determinados interesses, coloquem
placa", afirmou.
Sancionado em março, o novo CPC está programado para entrar em vigor em
março de 2016. Mendes teme que o STF fique sobrecarregado. Hoje, quem decide se
o recurso sobe ou não a tribunal superior é a corte de origem. Agora, caberá
aos ministros do STF opinarem sobre isso.
Além de voltar a defender o adiamento, Mendes criticou quem não abre mão
da data sancionada pelo Congresso: ''Calcem um pouco as sandálias da
humildade", disse.
Sua ideia é alterar o início da vigência via projeto de lei, o que está
sendo costurado pelo ministro no Congresso. O presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), foi procurado por Mendes. Nesta terça, o ministro voltou a
conversar com Cunha, acompanhado pelo ministro José Dias Toffoli.
Apesar dos pedidos dos magistrados, Cunha defendeu que o CPC deve entrar
em vigor no prazo previsto e, como solução para o problema do excesso de
trabalho, sugeriu que o Congresso aprove até o fim do ano um projeto de lei
para restabelecer a regra tradicional de aceitação de recursos.
O peemedebista informou ainda que já pediu para que os magistrados
enviem um projeto de lei para o Congresso para tratar do assunto.
Coêlho diz que a retirada da admissibilidade pelo presidente do tribunal
dos recursos ao STJ e ao STF não foi formulada pela OAB. E diz que, se os
tribunais superiores entendem que tal medida vai inviabilizar seu
funcionamento, " mais adequado é apenas alterar esta regra, possibilitando
que o novo CPC entre em vigor no prazo previsto".
A reforma foi elaborada por uma comissão de juristas, coordenada pelo
ministro do STF Luiz Fux antes de ser submetida aos congressistas. A discussão
durou cinco anos.
O presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, disse à Folha que o
tribunal estará preparado para receber o novo código dentro do prazo
estabelecido pelo Congresso.
Folha de S. Paulo – 4ª feira, 24/06/15 – poder A 7