Um
erro comum de advogados é falar mais do que ouvir
O primeiro encontro de um
advogado com um cliente prospectivo não é muito diferente do primeiro encontro
de um casal. Faz sucesso aquele que consegue fazer a conversa girar, na maior
parte do tempo, em torno da vida, das realizações, do trabalho e dos problemas
do outro. Essa é a orientação do diretor do Programa de Assistência de Gestão
de Escritórios da seccional da American Bar Association (ABA), de Oklahoma, Jim
Calloway, aos advogados.
O advogado bem-sucedido na
captação de clientes emprega pelo menos 70% do tempo do primeiro encontro
ouvindo o cliente falar sobre si mesmo e explicando a ele a magnitude de seus
problemas jurídicos. Sejam eles reais ou potenciais, o advogado deve explicar
ao futuro cliente os riscos inerentes à falta de uma assistência jurídica
competente, diz o consultor de marketing para advogados Trey Ryder.
"Um erro comum dos
advogados é falar mais do que ouvir, na primeira reunião com clientes
prospectivos", diz o Law Marketing Forum. Eles tendem a usar a maior parte
do tempo de uma reunião ou encontro casual em um clube, falando sobre a
grandeza de sua firma e de seus serviços jurídicos, em vez de se concentrar em
descobrir possíveis problemas e riscos que podem afetar o desempenho de sua
empresa, para, em seguida, apontar possíveis soluções.
O consultor Trey Ryder diz
que, na porção menor do tempo, o advogado deve explicar ao prospectivo cliente
a capacidade de sua firma de resolver seus problemas (atuais ou futuros). E,
além disso, deve tratar de desenvolver sua credibilidade. Eis as sugestões do
consultor para o primeiro encontro com um cliente prospectivo:
GARANTA AO CLIENTE A ATENÇÃO
TOTAL
Não permita que haja
interrupções de qualquer forma. Se não for possível fazer isso, adie o
encontro, até que esteja totalmente disponível. Seja um bom ouvinte e faça seu
cliente prospectivo sentir que ele é a pessoa mais importante do mundo.
DESENVOLVA A AFINIDADE COM O
CLIENTE
Tente perceber o estado de
espírito do cliente e responda de uma maneira prestativa e atenciosa. Isso
reduz a resistência do cliente e estabelece um vínculo emocional, que os
aproxima. Alguns advogados iniciam o encontro fazendo o cliente falar sobre sua
vida pessoal. Isso faz o cliente falar. É um bom quebra-gelo. E muda o foco
dele no advogado para sua própria vida, trabalho, problemas…
COLOQUE-SE NA POSIÇÃO DO
CLIENTE
A melhor maneira de entender
o que o cliente sente é se imaginar em seu lugar. Faça sua apresentação do
ponto de vista do cliente e ele ficará mais receptivo. Em vez de dizer
"você deve fazer isso", diga, por exemplo: "Se eu estivesse em
seu lugar, eu tomaria (tal medida), por que (explique a razão).
IDENTIFIQUE PROBLEMAS QUE O
CLIENTE POSSA TER
E também os objetivos ou
metas que ele pretende atingir. E em que ele pode precisar de sua ajuda. Faça
perguntas para determinar que tipo de serviço jurídico que você pode oferecer.
Ouça atentamente para perceber o que o cliente considera mais importante.
EXPLIQUE AO CLIENTE A
SERIEDADE DO PROBLEMA
Mesmo que seja um problema
em potencial, apenas. Quanto mais o cliente entender a gravidade do problema,
maior a possibilidade de contratar o advogado para solucioná-lo. Tenha em mãos
documentos e artigos publicados como prova. Mas, a esse ponto, não ofereça
soluções, porque, antes disso, ele precisa entender claramente o problema e sua
necessidade.
SEJA DIDÁTICO NAS
EXPLICAÇÕES
Use palavras que o cliente
entende, em todas as explicações. E não caia na armadilha de mencionar apenas
os pontos mais importantes de sua apresentação. Lembre-se, essas informações
são novas para ele, de forma que você deve explicar tudo com clareza e sem
pressa. Muitos clientes podem não admitir que não entenderam alguma coisa.
CERTIFIQUE-SE DE QUE O CLIENTE ENTENDEU CADA EXPLICAÇÃO
CERTIFIQUE-SE DE QUE O CLIENTE ENTENDEU CADA EXPLICAÇÃO
Depois de responder uma
questão, pergunte a ele se entendeu, se tem alguma dúvida. Assim você impede
que ele volte a levantar essa preocupação mais à frente. Qualquer coisa que ele
não entender, significa tempo e esforço perdidos. O cliente não vai ficar a fim
de obter qualquer coisa que ele não entende o que é.
ANTECIPE PERGUNTAS DO
CLIENTE
Muitas perguntas são comuns
a todos os clientes. Você pode respondê-las, no momento certo, antes que sejam
feitas. Se o cliente levantar muitas perguntas, a conversação pode parecer
antagônica.
ESTIMULE O CLIENTE A
CONTRATAR SEUS SERVIÇOS
Explique porque seus
conhecimentos, qualificações, capacidade de discernimento e experiência podem
ajudar a empresa do cliente a atingir seus objetivos e prosperar sem problemas.
Dê exemplos de outras pessoas ou empresas que você ajudou em situações
similares. Mostre-lhe cópias de artigos publicados ou de entrevistas
concedidas, que lhe conferem status de autoridade no assunto. Mostre ao cliente
prospectivo cartas de agradecimento de clientes antigos.
OFEREÇA SOLUÇÕES ESPECÍFICAS
Discuta os prós e os contras
de cada uma delas. Se você oferecer apenas uma solução, ao cliente só restará
dizer "sim" ou "não". No entanto, se apresentar três opções
positivas, a maior possibilidade é que ele opte por uma delas — o que equivale
a um "sim". Fica mais difícil ele dizer "não".
OFEREÇA RAZÕES LÓGICAS E
EMOCIONAIS AO CLIENTE PARA CONTRATAR SEUS SERVIÇOS
Muitas vezes, os clientes
contratam serviços por razões emocionais, seja porque eles gostam de você ou
porque sentem que você realmente quer ajudá-lo. Depois usam razões lógicas para
justificar a contratação na empresa e em casa. Quando você usa
a lógica e a emoção, você ajuda seu cliente a justificar sua contratação.
DEFINA OS HONORÁRIOS PARA
CADA SERVIÇO
Use o "princípio do
contraste", para o cliente enxergar seus honorários dentro de uma perspectiva
apropriada. Isto é, antes de especificar seus honorários, mencione algum número
grande. Então, por contraste, seus honorários não parecerão tão altos. Depois,
reforce sua cotação com um ou dois benefícios para o cliente, caso ele o
contrate.
Em um exemplo americano:
"No momento, Sr. Jones, seu passivo fiscal sobre heranças está acima de $
200 mil. Depois que eu elaborar um plano de proteção a ativos, seu passivo
fiscal será zero. Meus honorários para elaborar o plano serão fixados em $ 7.500.
Mas, com o plano, sua família vai economizar mais de $ 200 mil em impostos
sobre herança, vão ser eliminados pelo menos $ 25 mil em custos de inventário e
também procedimentos demorados na Justiça".
PERGUNTE AO CLIENTE SE TEM
MAIS ALGUMA DÚVIDA
A cada questão, diga que
"esse é um ponto interessante" ou uma "preocupação válida".
Não trate as perguntas como se fossem objeções. O cliente apenas quer deixar
algum ponto bem claro, provavelmente. Ou quer mais informações. Dê suas explicações
com calma e confiança. O cliente quer se certificar de que a contratação é uma
boa coisa.
SUMARIZE OS RISCOS E
BENFÍCIOS
Deixe bem claro ao cliente
os riscos de deixar o problema continuar (o que pode acontecer ou o que ele
pode perder). E mostre os benefícios de resolver o problema ou impedir que ele
realmente ocorra (o que ele pode ganhar).
MOSTRE AO CLIENTE O QUANTO
VOCÊ QUER AJUDÁ-LO. Use
a primeira pessoa do plural, como "nós", "vamos", para o
cliente assumir que estão trabalhando juntos.
DEIXE O CLIENTE TOMAR AS
DECISÕES
Oriente, mas não pressione.
Se você forçar o cliente a tomar uma decisão, isso pode criar resistências.
Coloque-se à disposição do cliente, para lhe prestar qualquer informação no
momento ou no futuro, para que ele possa tomar uma decisão bem informada. Se o
cliente o contrata, assegure-lhe de que tomou a decisão certa.
ENVIE UMA CARTA AO CLIENTE
Se o cliente contratou seus
serviços, assegure-lhe por escrito que fez a coisa certa. Se ainda não tomou
essa decisão, encoraje-o a fazê-lo. Aponte os riscos de esperar e se coloque
outra vez à disposição para responder à qualquer pergunta, a qualquer tempo.
João Ozorio de Melo é
correspondente da revista Consultor Jurídico nos Estados Unidos.
Revista
Consultor Jurídico, publicação de 03 de Agosto de 2012
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