segunda-feira, 1 de junho de 2020

Superfícies podem transmitir o coronavírus?



O medo de contrair o coronavírus por contato com superfícies contaminadas levou muitas pessoas a passar os últimos meses limpando produtos de supermercado, deixando pacotes sem abrir por um tempo e ficando estressadas ao ter de tocar os botões do elevador.
Qual é o risco de contrair a Covid-19 de um objeto ou superfície contaminado?
Uma confusão foi gerada após o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) fazer modificações no site, na semana passada. Redes sociais e veículos sugeriram que a agência teria atenuado recomendações da transmissão do vírus por superfícies e que isso deixou de ser preocupação.


O CDC emitiu uma nota para esclarecer o caso. “Com base em estudos de laboratório, é possível uma pessoa contrair Covid-19 por tocar uma superfície ou um objeto que está com o vírus e depois tocar sua boca, nariz ou olhos”, escreveu. “Mas acredita-se que essa não seja a principal via de transmissão da doença.”
Isso significa que podemos pegar o coronavírus por tocar uma maçaneta de porta? Compartilhar uma travessa de comida com outra pessoa?
A resposta, teoricamente, é sim, razão pela qual você deve lavar as mãos com frequência e evitar tocar seu rosto. Estudos sobre influenza, rinovírus, coronavírus e outros micróbios mostram que as doenças respiratórias, como o coronavírus, podem ser propagadas pelo contato com superfícies, especialmente em creches, escritórios e hospitais.
“O que dizem é que superfícies que são tocadas por muitas pessoas, como corrimões, grades, maçanetas e botões de elevadores não são os principais condutores da infecção nos Estados Unidos”, disse Erin Bromage, imunologista e professora de biologia na Universidade do Massachusetts.

“Ainda assim, é má ideia tocar o próprio rosto. Se uma pessoa infecciosa tossir sobre a própria mão, depois cumprimentar você com um aperto de mãos e você esfregar seus olhos, você será contaminado”, completa Bromage.
Um surto do coronavírus associado a um shopping em Wenzhou, na China, pode ter sido desencadeado pela transmissão por superfícies.
Em janeiro, sete pessoas que dividiam um escritório no shopping adoeceram quando um dos colegas de trabalho retornou de Wuhan. O shopping foi fechado. Funcionários da saúde rastrearam outras 24 pessoas que ficaram doentes, como mulheres que haviam feito compras no shopping, além de seus amigos.
Nenhuma delas tivera contato com os funcionários do escritório, os doentes originais. Os pesquisadores especularam que a fonte da transmissão teria sido o banheiro feminino ou os elevadores do shopping.
Outros estudos usaram marcadores fluorescentes invisíveis —falsos micróbios que reluzem sob luz negra— para rastrear como os germes se propagam.
Em uma série de experimentos, 86% dos funcionários de um escritório foram contaminados quando marcadores em spray ou pó foram colocados sobre objetos que são tocados com frequência. Quando o marcador em pó foi colocado sobre uma torneira e a maçaneta da porta do banheiro, o resíduo foi encontrado nos rostos e mãos dos funcionários, telefones e cabelos.
A partir de um telefone que foi compartilhado, o marcador se espalhou para escrivaninhas, copos, teclados, canetas e maçanetas. E apenas 20 minutos depois de os funcionários chegarem em casa, os falsos germes foram encontrados sobre mochilas, chaves, carteiras, maçanetas, interruptores e eletrodomésticos.
Assim, a melhor forma de nos protegermos do coronavírus ainda é manter o distanciamento, lavar as mãos, não tocar o rosto e usar máscaras.
Daniel Winetsky, pós-doutorando de doenças infecciosas da Universidade Colúmbia, explica a importância do distanciamento.
“Gotículas produzidas quando falamos, tossimos e espirramos caem principalmente sobre nossas mãos e podem cair sobre as de outras pessoas que estão a menos de dois metros de distância.”
Fonte: FOLHA UOL - NY TIMES 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

FELIZ 2021