“ Quero ver um Brasil humilde, responsável, trabalhador e que seja respeitado pelo caráter de seus homens .
Isso e chegar ao primeiro mundo, Antonio Ermírio de Morais ( 1928/2014 )- Revista Veja – Ed. 2.389 – 03/09/14.
Segundo JOSÉ PASTORE, que é professor da Universidade de São Paulo e autor de “ Antonio Ermírio de Morais – Memórias de um Diário confidencial “ ( ed. Planeta ), disse que seu modo simples de ser e de viver era o destaque . Era sóbrio de despojado em tudo, a começar pelo modo de vestir . Era atencioso ao tratar as pessoas . Caminhava pelas ruas de São Paulo sem maiores preocupações, rejeitando seguranças e carro blindado. Dizia: a minha segurança é Deus .
Durante 7 anos , a crônica de Antonio Ermírio de Morais esteve presente na página 2 do Jornal Folha aos Domingos . Foram mais de 900 artigos . Como disse Pastore uns de seus leitores ter acompanhado de perto suas idéias e muito aprendeu com elas.
Chegava ao seu escritório às 7:00 horas , depois de passar meia hora no Hospital da Beneficência Portuguesa, que presidiu por quase 40 anos . Terminava o dia às 19h quando ia novamente ao hospital para ali administrar até às 21 horas.
Fazia parte da sua rotina diária, passar 30 ou 40 minutos na enfermarias do hospital para conversar e revelar seu carinho aos doentes . Aos sábados e domingos fazia o mesmo. À tarde, levava uma orquestra para animar os doentes .
Antonio era assim mesmo. Humilde , dedicado, humano. Nunca foi de festas e recepções nem fazia exibicionismo pessoal. Era espartano em tudo. Guiou seu próprio carro a vida toda. E, sem ostentação. Certa vez comprou uma Caravan por um santana usado por considerar mais simples e mais econômico . Gostava de entrar nas igrejas vazias . Encontrava paz na solidão. Nunca rezava para pedir; sempre para agradecer.
Como empresário, a sua paixão era expandir, expandir e expandir para aumentar a produção e gerar empregos. A sua “ teoria” sobre inflação era simples e objetiva. Costumava dizer: com prateleiras cheias não haverá inflação. Foi um contumaz combatente da especulação financeira, dos desperdícios do Governo, do excesso de ministérios e da falta de sinceridade da maioria dos políticos .
Para ele, a missão dos empresários não deveria parar na produção e no recolhimento de impostos. Era preciso dedicar tempo e ajudar os necessitados. Assim o fez. Afirmava com freqüência : para rico, não trabalho de graça; mas para pobre faço com prazer . E fazia mesmo. Sempre no anonimato. Ninguém sabe o quanto doou para hospitais e escolas que ajudou com seus próprios recursos, e nunca das empresas .
Antonio foi um grande amante da educação. Escreveu vários livros sobre o assunto, o que lhe deu um lugar na Academia Paulista de Letras. Sua menina dos olhos era o Senai. Dizia que a formação universitária é importante, que dominam sua profissão e que têm amor pelo que fazem.
O um grande brasileiro. Os mais pobres perderam um carinhoso filantropo. Os íntimos perderam um excelente amigo.
Fonte: Folha de São Paulo – Opinião A3/tendências/debates – 28/08/14- José Pastore.
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