A vigésima
campanha de vacinação contra a gripe na rede pública de todo o país começou na segunda (22). Nas clínicas privadas, já era possível se imunizar há mais tempo.
Neste ano, o Ministério da Saúde comprou 60 milhões de doses (que custam cerca de R$ 15 cada uma), suficientes para vacinar todas as 54 milhões de pessoas que têm alto risco de desenvolver complicações da doença. No ano passado, 88% delas foram imunizadas.
Apenas esses grupos —que incluem idosos, grávidas e crianças de seis meses a cinco anos— podem receber a dose na rede pública, até 1º de junho. Quem tem doenças crônicas e outras condições clínicas e não está cadastrado em programas do SUS deve apresentar prescrição médica.
O chamado dia D, espécie de mutirão nacional, será em 12 de maio. É comum que a campanha se inicie na segunda quinzena de abril e termine antes do inverno, que é o período de maior risco de contração da gripe.
Para isso, as doses começaram a ser produzidas há oito meses pelo Instituto Butantan, ligado ao Governo do Estado de SP, em parceria com o laboratório privado Sanofi Pasteur. Elas são feitas para proteger contra os vírus que mais circularam no hemisfério sul no ano anterior —já que eles sofrem mutações—, com base em informações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Neste ano, foi mantida a proteção contra a influenza A (H1N1), responsável pelos surtos de gripe de 2009 e 2016, e foram modificadas outras duas cepas da vacina do ano passado, o A (H3N2) e um tipo do B.
Até agora, os dados não indicam uma quantidade anormal de registros de gripe. O número de casos graves (392) e mortes (62) até 14 de abril é quase igual ao do mesmo período do ano passado (394 casos e 66 óbitos).
A VACINA
Já posso me vacinar contra a gripe?
Na rede privada, sim, por preços entre R$ 90 e R$ 160. Na rede pública, a campanha começa nesta segunda (23) e vai até 1º de junho, com o chamado dia D em 12 de maio.
Quem deve tomar a vacina?
O ideal é que todos acima de seis meses de idade tomem a vacina, mas alguns grupos correm mais risco de desenvolver complicações da doença —na rede pública, as doses são destinadas a eles.
Quais são os grupos de risco da gripe?
Crianças de seis meses a cinco anos, idosos, professores e profissionais da saúde (redes pública e particular), grávidas, mulheres que tiveram filhos há até 45 dias, presidiários, funcionários do sistema prisional, indígenas e pessoas com doenças crônicas (diabetes, asma, câncer) ou condições clínicas especiais (respiratórias, cardíacas, renais, hepáticas, neurológicas, diabéticos, obesos, imunossuprimidos, transplantados).
Quem não pode tomar a vacina?
Bebês menores de seis meses e quem já teve reações anafiláticas em aplicações anteriores. Quem teve a síndrome de Guillain-Barré ou tem reações alérgicas graves a ovo —a vacina contém traços de proteínas do alimento— também deve ter cautela.
Quantas doses preciso tomar?
É recomendada uma ao ano, porque as cepas do vírus mudam. Crianças de seis meses a nove anos que estão recebendo a vacina pela primeira vez devem tomar uma segunda dose, com intervalo de 30 dias entre elas.
Se eu já tiver pegado a gripe, ainda preciso tomar a vacina?
Precisa. O tempo de imunização após a infecção é mais prolongado que o da vacina, porém não é possível prevê-lo porque ele varia bastante.
A vacina protege contra quais vírus?
A vacina dada na rede pública é a trivalente, contra as gripes A (H1N1), A (H3N2) e um tipo da B. Na rede privada também é oferecida a quadrivalente —que protege contra mais um tipo da B.
Ela ‘vale’ por quanto tempo?
Ela demora de duas a três semanas para fazer efeito e é útil por seis a 12 meses, uma “temporada” do vírus —sendo que o pico máximo de anticorpos ocorre de quatro a seis semanas depois da vacinação.
Ela é 100% eficiente?
Não, a eficácia varia. Em pessoas não idosas e saudáveis, gira em torno de 70%, mas cai dependendo da faixa etária e de outros fatores, como presença de infecções e doenças crônicas. Para prevenir mortes, porém, a eficiência sobe para 85%, segundo o pediatra e infectologista Renato Kfouri.
Quem toma a vacina tem chances de ficar gripado como “reação”?
Não. O máximo que pode acontecer são dores locais (10% a 20% dos casos), febre baixa, dor no corpo e mal-estar (menos de 1%), que costumam passar em 48 horas.
Posso tomar as vacinas da gripe e da febre amarela no mesmo dia?
Sim, pode ser uma oportunidade para colocar as vacinas em dia.
Se eu tomar a vacina enquanto estiver grávida o bebê também fica protegido?
Sim, a vacinação durante a gravidez protege a gestante, o feto e o bebê recém-nascido até os seis meses.
Preciso provar que tenho doenças crônicas ou condições clínicas especiais para receber a vacina na rede pública?
Sim, é preciso levar prescrição médica --exceto os pacientes cadastrados em programas de controle de doenças crônicas do SUS, que devem ir aos postos em que estão registrados.
Após o fim da campanha, em 1º de junho, outras pessoas poderão tomar a vacina?
Talvez. O ministro da Saúde, Gilberto Occhi, disse que, “se houver sobra, o Ministério irá, junto aos estados, definir outro público para se vacinar”.
A GRIPE
Devo ir ao hospital assim que sentir um dos sintomas da gripe?
Nem sempre. Pode ser que seja apenas um resfriado. Ir a um pronto-socorro ou a um consultório médico pode expor a pessoa, que já está com a imunidade baixa, a microorganismos e fazer com que ela contraia a gripe ou outras doenças.
Qual o período de maior incidência da doença?
Durante o outono e o inverno, entre abril e outubro —principalmente no mês de junho, segundo o Ministério da Saúde.
Há risco de surto neste ano?
Segundo infectologistas, ainda é cedo para saber. O número de casos graves (392) e mortes (62) pela gripe até 14 de abril é quase igual ao do mesmo período do ano passado (394 casos e 66 óbitos). O governo de SP também diz que por enquanto "não há qualquer anormalidade epidemiológica em relação à gripe na região".
O vírus H3N2, principal responsável por um surto de gripe atualmente nos Estados Unidos, também pode causar uma epidemia no Brasil?
Ainda não é possível determinar saber. A vacina que será aplicada na rede pública foi adaptada para ser mais eficiente contra o H3N2. Até 14 de abril, o número de casos no país causados por esse tipo do vírus foi menor (93) do que no mesmo período de 2017 (244).
Como a gripe é transmitida?
Pelo contato direto com a secreção do doente (ao espirrar, tossir ou falar) ou pela mão, tocando objetos como mesas, maçanetas e talheres infectados e levando-a à boca, nariz e olhos --os vírus vivem por duas a oito horas em superfícies.
Quais são os sintomas?
A febre alta é o sintoma mais importante e dura cerca de três dias. A doença também causa tosse seca, coriza e dor muscular, de cabeça e de garganta. Se o paciente apresentar dificuldade para respirar, lábios com coloração azulada ou roxeada, dor abdominal ou no peito, tontura, vômito persistente ou convulsão, deve procurar o serviço de saúde.
Qual é a diferença entre gripe e resfriado?
O resfriado também é uma doença respiratória, mas é causado por outros vírus e tem sintomas mais leves e que duram menos tempo.
Como me prevenir?
Tome a vacina; é o método mais eficaz de evitar a gripe
Lave sempre as mãos com água e sabão ou com álcool, principalmente antes de comer
Evite levar as mãos aos olhos, ao nariz e à boca
Cubra a boca quando for tossir ou espirrar e depois lave a mão
Use lenço descartável se for limpar o nariz
Não compartilhe objetos como talheres, pratos, copos ou garrafas
Mantenha os ambientes bem ventilados
Evite contato próximo com pessoas com sinais de gripe
Como funciona o tratamento da gripe?
- É preciso repousar, beber muito líquido e evitar álcool e cigarro
- Remédios como o paracetamol (Tylenol) podem ser usados para combater febre e dores
- Medicamentos antivirais, como o Oseltamivir (Tamiflu), podem reduzir complicações e óbitos em grupos de risco; eles devem ser usados dentro de 48 horas após os primeiros sintomas
- Nos casos graves, pode ocorrer internação hospitalar
Quais os cuidados extras podem ser tomados em creches, ambientes favoráveis à transmissão da gripe?
Usar lenço descartável para limpar as secreções das crianças e trocar diariamente lenços ou fraldas de pano
Lavar as mãos após contato com secreções das crianças
Observar as crianças com tosse, febre e dor de garganta e informar aos pais
Fontes: Ministério da Saúde, Secretaria da Saúde de SP e infectologistas Renato Kfouri, Rosana Richtmann, Isabella Ballalai e Carlos Kiffe